sexta-feira, 19 de maio de 2017

ATUAÇÃO DA FISIOTERAPIA EM PACIENTES QUE REALIZAM TRATAMENTO QUIMIOTERAPEUTICO.


ATUAÇÃO DA FISIOTERAPIA EM PACIENTES QUE REALIZAM TRATAMENTO QUIMIOTERAPEUTICO.

Resenha pos graduanda Iapes: Érika souza
Coordenador geral do curso de pós graduação: Daniel xavier

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O que é a Quimioterapia?

      A quimioterapia é o método que utiliza compostos químicos, chamados quimioterápicos, no tratamento de doenças causadas por agentes biológicos. Quando aplicada ao câncer, a quimioterapia é chamada de quimioterapia antineoplásica ou quimioterapia antiblástica.

Tem como principal objetivo eliminar as células cancerígenas que formam o tumor. Infelizmente, os medicamentos utilizados não são capazes de diferenciar as células malignas das células normais.
  Por esse motivo, a quimioterapia atinge tanto as células que formam o tumor quanto às células sadias. O resultado disso é o aparecimento dos efeitos colaterais, que duram algumas semanas, vários meses, ou podem ser permanentes.

Mecanísmos de ação e classificação das drogas antineoplásicas.
Os agentes utilizados no tratamento do câncer afetam tanto as células normais como as neoplásicas, porém eles acarretam maior dano às células malignas do que às dos tecidos normais, devido às diferenças quantitativas entre os processos metabólicos dessas duas populações celulares.    
Classificaram os quimioterapicos conforme a sua atuação sobre o ciclo celular em:

Cicloinespecificos:  Aqueles que atuam nas células que estão ou não no ciclo proliferativo, como, por exemplo, a mostarda nitrogenada.

Ciclo-específicos: Os quimioterapicos que atuam somente nas células que se encontram em proliferação, como é o caso da ciclofosfamida.

Fase-específicos: Aqueles que atuam em determinadas fases do ciclo celular, como,
por exemplo, o metotrexato (fase S), o etoposideo (fase G2) e a vincristina (fase M).
Tipos e finalidades da quimioterapia.

A quimioterapia pode ser feita com a aplicação de um ou mais quimioterápicos e pode ser utilizada em combinação com a cirurgia e a radioterapia. De acordo com as suas finalidades, a quimioterapia é classificada
em;
  Curativa: Quando é usada com o objetivo de se conseguir o controle completo do tumor.

  Adjuvante: Quando se segue à cirurgia curativa, tendo o objetivo de esterilizar células residuais locais ou circulantes, diminuindo a incidência de metástases à distância.

  Neoadjuvante ou prévia: Quando indicada para se obter a redução parcial do tumor, visando a permitir uma complementação terapêutica com a cirurgia e/ ou radioterapia.

  Paliativa: Não tem finalidade curativa. Usada com a finalidade de melhorar a qualidade da sobrevida do paciente.

Critérios para aplicação da quimioterapia.
Esses critérios são variados e dependem das condições clinicas do paciente e das drogas selecionadas para o tratamento. (Condições gerais do paciente, Contagem das células do sangue e dosagem de hemoglobina serica).

A seguir, são listados alguns requisitos ideais para a aplicação da quimioterapia:

Condições gerais do paciente:

 Menos de 10% de perda do peso corporal desde o início da doença;
Ausência de contra-indicações clínicas para as drogas selecionadas;
Ausência de infecção ou infecção presente, mas sob controle;
Capacidade funcional correspondente aos três primeiros níveis, segundo os índices propostos por Zubrod e Karnofsky.


Contagem das células do sangue e dosagem de hemoglobina. (Os valores exigidos para aplicação da quimioterapia em crianças são menores):
Leucócitos > 4.000/mm³
Neutrófilos > 2.000/mm³
Plaquetas > 150.000/mm³
Hemoglobina > 10 g/dl

 
Dosagens Séricas
Uréia < 50 mg/dl
Creatinina < 1,5 mg/dl
Bilirrubina total < 3,0 mg/dl
Ácido Úrico < 5,0 mg/dl
Transferasses (transaminases) < 50 Ul/ml

Ressalte-se que esses critérios não são rígidos, mas devem ser adaptados às características individuais do paciente e do tumor que o acomete.

Principais drogas utilizadas no tratamento do câncer.

Alquilantes: Apesar de efetivos como agentes isolados para inúmeras formas de câncer, eles raramente produzem efeito clínico ótimo sem a combinação com outros agentes.

  Antimetabólitos: Impedem a multiplicação e função normais da célula.

  Antíbióticos: Como todos os quimioterápicos, os antibióticos atuam tanto sobre as células normais como sobre as malignas.

Toxicidade dos quimioterápicos.
Os efeitos terapêuticos e tóxicos dos quimioterápicos dependem do tempo de exposição e da concentração plasmática da droga. A toxicidade é variável para os diversos tecidos e depende da droga utilizada. Nem todos os quimioterápicos ocasionam efeitos indesejáveis tais como mielodepressão, alopecia e alterações gastrintestinais (náuseas, vômitos e diarréia).

O quadro abaixo mostra exemplos de efeitos tóxicos dos quimioterápicos, conforme a época em que se manifestam após a aplicação.

Precoces*
(de 0 a 3 dias) Imediatos
(de 7 a 21 dias) Tardios
(meses) Ultra-Tardios
(meses ou anos)  
• Náuseas
• Vômitos
• Mal estar
• Adinamia
• Artralgias
• Agitação
• Exantemas
• Flebites • Mielossupressão granulocitopenia plaquetopenia anemia
• Mucosites
• Cistite hemorrágica devida à ciclofosfamida
• Imunossupressão
• Potencialização dos efeitos das radiações devida à actinomicina D, à adriamicina e ao 5-fluoruracil. • Miocardiopatia devida aos antracícliclos e outros
• Hiperpigmentação e esclerodermia causadas pela bleomicina
• Alopecia
• Pneumonite devida à bleomicina
• Imunossupressão
• Neurotoxidade causada pela vincristina, pela vimblastina e pela cisplatina
• Nefrotoxidade devida à cisplatina. • Infertilidade
• Carcinogênese
• Mutagênese
• Distúrbio do crescimento em crianças
• Seqüelas no sistema nervoso central
• Fibrose/cirrose hepática devida ao metotrexato.

Efeitos Colaterais no corpo:

Extravasamento de drogas: Como as drogas aplicadas são super fortes, não podem extravasar para local indevido, sob pena de destruir totalmente a região. Por esta razão, as drogas são preferencialmente ministradas por cateter.

O extravasamento da droga pode causar dano tecidual (no tecido) e funcional irreversíveis e permanentes (perda do movimento das mãos, por exemplo, decorrente da destruição dos tendões, se a aplicação da droga for nesta região). Observe o local da punção (da agulha) atentamente durante a quimioterapia. O extravasamento da medicação é um acidente grave – uma emergência oncológica. Chame o médico imediatamente.

Queda de Cabelo: A queda começa 2 ou 3 semanas após o início da quimio.

Pode ocorrer em qualquer parte do corpo, como rosto, braços, pernas, axilas e região pubiana.

Dores/mialgias: A quimio pode provocar ardor, formigamento, lesões na boca, dor de cabeça, dores musculares, dor de estômago, dores em mãos e pés, dor ao caminhar, aumento da sensibilidade e cansaço. Para controlar a dor tome os medicamentos prescritos pelo seu médico na hora certa. É importante não pular o horário, mesmo que não sinta dor num determinado momento. Não deixar a dor ficar insuportável.

  Pele e anexos/fotossensibilidade (sensibilidade à luz): As mudanças na pele no local que tenha recebido radioterapia ou a quimio, como coceira, ressecamento, erupções cutâneas, descamação, sensibilidade ao sol, rash cutâneo (sentir a pele ficar vermelha e quente) ou urticária, geralmente melhoram após o término do tratamento. Entretanto, como o escurecimento da pele pode ser permanente, proteja a pele do sol. Utilize um bloqueador com fator de proteção de pelo menos 30. Proteja também os lábios. Evitar a luz solar direta, não se exponhor entre as 9h e 15 horas. Ante reações alérgicas severas à quimioterapia, como dor, vermelhidão ou bolhas ou chiado no peito ao respirar, comunicar o médico.

Mudanças nas unhas: As unhas podem ficar fracas e escuras, frágeis, quebradiças e cair, principalmente por causa da Doxomicina – droga vermelha que causa a mudança das unhas. Trata-se de acontecimento normal, pois elas voltam a crescer. Evitar infecção: usar luvas para proteger as mãos se for lavar louça, limpar a casa ou trabalhar em jardinagem. Não usar produtos irritantes. Evitar machucar as cutículas.

Mudanças no sistema nervoso: A quimioterapia pode causar alguns problemas no Sistema Nervoso. Muitos destes problemas melhoram após o término do tratamento. No entanto, alguns problemas podem durar longos períodos ou até tornarem-se permanentes. Sintomas que podem aparecer são: formigamento, fraqueza e adormecimento nas mãos e nos pés; sensação de mais frio que de costume; sensação de perda do equilíbrio (tontura); dificuldades para pegar objetos ou abotoar a roupa; tremores; diminuição da audição; fadiga; confusão e problemas de memória; depressão. Evitar cair: caminhar lentamente sempre se segurando no corrimão ao subir ou descer escadas, para não tropeçar. Se precisar, contar com a ajuda de uma bengala. Sempre use sapatos ou tênis com sola de borracha. Se a memória esta falhando, solicitar ajuda para não perder a hora de tomar a medicação, além de comunicar ao médico se ocorrer este fato.

 Boca e garganta: A radioterapia e os medicamentos podem produzir sensibilidade ou feridas na boca e nas gengivas (afta), bem como dor na garganta. A mucosite se dá em qualquer parte úmida do tubo digestivo (TGI - trato gastrointestinal). Bochechar com bicarbonato e água ajuda, mas se aparecerem feridas ou sangramento na gengiva, procure logo o pronto-socorro. Certos alimentos irritam a boca, dificultando a mastigação e a deglutição. O paciente pode sentir alteração no sabor dos alimentos, porque a quimio altera as células da língua.

Náuseas e vômitos: Náuseas e vômitos podem ocorrer antes, durante, após ou até dias após a quimio.

 EFEITOS COLATERAIS NO SANGUE
  Anemia: O tratamento quimioterápico pode afetar às células do sangue como, por exemplo, os glóbulos vermelhos, os glóbulos brancos e as plaquetas. A anemia se apresenta quando os glóbulos vermelhos são afetados. São eles que conduzem o oxigênio pelo corpo. Assim, a anemia pode apresentar-se com sintomas variados que incluem: aumento do batimento cardíaco, falta de ar, fraqueza, tontura e fadiga. Em algumas circunstâncias quando a contagem de glóbulos vermelhos está muito baixa, alguns pacientes necessitam fazer uma transfusão sanguínea. Além disso, seu médico pode receitar que tome suplementos de ferro.

  Osteopenia: Previne-se a perda de massa óssea (osteopenia) com uma alimentação rica em cálcio, ingestão adequada de vitamina D e exercícios. O fumo e o álcool devem ser evitados.

  Plaquetopenia: As plaquetas coagulam o sangue, ajudando que uma ferida pare de sangrar. A quimioterapia inibe a produção de plaquetas, ocorrendo a plaquetopenia (baixa contagem de plaquetas) que pode provocar hematomas, sangramento de nariz ou boca ou aparecimento de pequenas manchas puntiformes e avermelhadas na pele.

Infecção/Leucopenia: A quimioterapia faz com que o corpo não consiga produzir suficientes glóbulos brancos (leucócitos) que combatem as infecções. A pessoa fica sem defesa e as bactérias se proliferam. Mantenha-se afastada de pessoas doentes. Se estiver utilizando cateter ou sonda, verifique se não tem algum tipo de infeção. Se aparecer alguma secreção, vermelhidão, inchaço ou dor comunicar o médico.

  Diversos tipos de quimioterápicos podem causar neuropatias periféricas, fibrose pulmonar e miocardiopatias. O uso prolongado de corticóides podem resultar em quadros de miopatia e osteopodose.

Atuação Fisioterapeutica


O foco para o tratamento do paciente com câncer deixa de ser somente a cura e o controle da doença. A fisioterapia colabora ativamente na manutenção da qualidade de vida, desde o diagnóstico até o final do tratamento. Reabilita, condiciona e adapta o paciente à sua nova condição. Dispõe de inúmeros recursos específicos, que são utilizados de acordo com as necessidades individuais de cada paciente, visando sempre o seu bem-estar.

A fisioterapia oncológica ou oncofuncional tem como objetivo preservar, manter ou recuperar a integridade cinético-funcional de órgâos e sistemas, assim como prevenir os distúrbios causados pelo tratamento oncologico buscando o bem estar e a qualidade de vida do paciente oncológico.

O fisioterapeuta atua nos 4 pilares da esfera oncológica: promoção , rastreamento, tratamento e cuidados paliativos.

A assistência fisioterapêutica ao paciente oncológico tem inicio no pré-operatório, visando o preparo para o procedimento e redução de complicações. Durante o periodo de internação o enfoque é global, prevenindo, minimizando e tratando complicações respiratórias, motoras e circulatórias. A dor é uma das principais e mais frequentes queixas do paciente oncológico, devendo por isto ser valorizada, controlada e tratada em todas as etapas da doença. As diversas técnicas para analgesia são um ponto forte da fisioterapia em oncologia.

A avaliação do paciente, realizada pelo fisioterapeuta, é abrangente e observa sinais e sintomas como: dor, linfedema, dispnéia, fadiga, alterações neurológicas etc. Atento para que fatores importantes não passem despercebidos e para as limitações funcionais que influem na tomada de decisão.  Ouve-se as queixas e as necessidades do paciente, discute o caso clínico com a equipe multidisciplinar e desenvolve o plano terapêutico, esclarecendo as ações a serem desenvolvidas à família.

A imobilidade, situação comum, pode levar ao comprometimento gradual do condicionamento físico e da força muscular, bem como da flexibilidade e da capacidade aeróbica, predispondo ao desenvolvimento da síndrome da imobilização. Esta, uma vez instalada, pode levar ao comprometimento da coordenação motora, à retração dos tendões com redução da amplitude de movimento articular e à atrofia dos músculos, que passam a apresentar pontos de dor, demonstrando a necessidade da atuação paliativa do fisioterapeuta.

Uma das metas do fisioterapeuta é a preservação da  função motora do paciente, adiando a instalação das incapacidades decorrentes da imobilidade resultante da doença, e das co-morbidades associadas. Com as técnicas de reabilitação, ele pode ajudar o indivíduo a alcançar uma maior independência funcional, aproveitando as suas potencialidades e respeitando as suas limitações.
A cinesioterapia, ou movimento terapêutico, o principal instrumento da fisioterapia, permite restaurar ou melhorar o desempenho funcional dos segmentos corporais comprometidos, ajudando o paciente a alcançar maior independência funcional.

Na fadiga ela atua no manejo dos sintomas e na sua prevenção, por meio do equilíbrio da atividade e do descanso.

No manejo do linfedema a fisioterapia tem um papel relevante, tanto na prevenção quanto no tratamento, por meio de técnicas bem descritas e aceitas na literatura científica, como a Terapia Física Complexa - TFC, que inclui a drenagem linfática, entre outros tratamentos.

Alterações pulmonares como a dispnéia, a atelectasia (fechamento total ou parcial dos alvéolos), o acúmulo de secreções e outros sintomas ou complicações respiratórias podem ser prevenidos, tratados ou aliviados, por meio da fisioterapia respiratória.

Nos sintomas psicofísicos, as técnicas de relaxamento podem ser proveitosas e realizadas em conjunto com o psicólogo.

Nas alterações neurológicas seus objetivos são corrigir as alterações da postura e do equilíbrio, melhorar a coordenação motora, manter a força muscular e evitar encurtamentos.
O fisioterapeuta, nos cuidados paliativos, busca controlar os sintomas, educar e orientar os cuidadores e familiares, maximizar as habilidades funcionais e manter o máximo possível a autonomia do paciente, visando a sua independência funcional.

Referencia
http://www.accamargo.org.br/saude-prevencao/artigos/reabilitacao-fisioterapeutica-no-paciente-oncologico/30/ acesso ás 18:21hrs no dia 09/05/2017.
http://www.oncoguia.org.br/conteudo/como-atua-o-fisioterapeuta-oncologico/7624/897/  acesso ás 18:33hrs no dia 09/05/2017.
http://www.tribunapr.com.br/blogs/o-especialista/a-importancia-da-fisioterapia-oncologica-no-tratamento-do-cancer/ acesso ás 18:40hrs no dia 09/05/2017.
http://oncologiamanaus.blogspot.com.br/2009/04/quimioterapia.html acesso ás 18:50hrs no dia 09/05/2017.
http://redefemininabrasilia.org.br/rede/index.php/vencendo-o-cancer/46-cartilha/174-11-efeitos-colaterais-da-quimioterapia acesso ás 19:00hrs no dia 09/05/2017.
http://www.inca.gov.br/conteudo_view.asp?id=101 acesso ás 19:28hrs  no dia 09/05/2017
http://terapiadomovimento.blogspot.com.br/2011/05/atuacao-do-fisioterapeuta-em-pacientes.html acesso ás 20:00hrs no dia 09/05/2017.

quarta-feira, 17 de maio de 2017

FISIOTERAPIA EM PACIENTES PLAQUETOPÊNICOS

FISIOTERAPIA EM PACIENTES PLAQUETOPÊNICOS

Pos graduanda: Graziela Ribeiro Carneiro
Coordenador da pós graduação em terapia intensiva: Daniel Xavier

Atendimento Fisioterapia em oncologia

      As plaquetas são células que possuem propriedade de coagular o sangue, são produzidas na medula óssea e sua função é estancar/impedir hemorragia. O valor considerado normal de plaquetas é 150.000 a 400.000/mm³

      A plaquetopenia, também denominada por trombocitopenia, é a diminuição do número de plaquetas no sangue (menor que 150.000/mm³). Nos pacientes oncológicos, a plaquetopenia tem origem multifatorial, resultantes tanto de efeitos diretos do tumor quanto de múltiplos mecanismos de causas secundárias, como invasão da medula óssea, processos inflamatórios e efeitos relacionados à quimioterapia ou à radioterapia, esta alteração é comumente causada pelos efeitos tóxicos de alguns medicamentos quimioterápicos à medula óssea com comprometimento do seu funcionamento normal, assim a quimioterapia faz com que seja mais difícil a produção de plaquetas pela medula óssea, por conseguinte ocorre a plaquetopenia. Porém, o próprio câncer e tratamentos oncológicos anteriores podem iniciar ou agravar a plaquetopenia. Além disso, outros medicamentos não-quimioterápicos também afetam a função plaquetária e a infiltração das células cancerosas na medula óssea pode ter um efeito profundo nos pacientes oncológicos, afetando no seu programa de reabilitação

      Um dos sintomas mais óbvios de plaquetas baixas é o sangramento, o nariz, as gengivas ou as bochechas dentro da boca sangram sem motivo, no caso de uma pequena ferida, a hemorragia não para por um tempo. Também é possível que ocorra um sangramento dentro do corpo que se manifesta como hematoma ou nódoas negras. O principal sintoma de hemorragia interna devido a púrpura é o aparecimento de manchas vermelhas ou roxa na pele, algumas manchas roxas ou avermelhadas pequenas sobre o corpo aparecem como uma erupção cutânea, também podem ser um sintoma de contagem de plaquetas baixa no sangue. A contagem das plaquetas inferior a 50.000/μ l pode ser perigoso.

      Uma avaliação rigorosa deve ser realizada pelo fisioterapeuta antes de iniciar qualquer terapêutica nestes pacientes, considerando as condições clínicas e os parâmetros fisiológicos (hemoglobina, hematócrito, leucócitos e, principalmente, o número de plaquetas). Com base nisso, De Vita e cols., em 2008 e Stubblefiels e O’Dell em 2009, recomendaram algumas precações em relação a prescrição de exercícios nos pacientes oncológicos, destacando o tipo de exercício conforme as contagens de plaquetas.

      Abaixo segue as principais recomendações:

a) Plaquetas <10 .000="" antes="" assistidas="" atividades="" com="" da="" de="" di="" do="" e="" ess="" leito="" mm="" ncias="" o="" plaquetas="" ria="" sa="" span="" supervis="" transfus="" treinamento:="" vida="">nenhum exercício antigravitário ou resistido.

b) 10.000 - 20.000/mm³ sem nenhum sinal de sangramento: atividades de vida diária, exercícios ativos, isométricos, isotônicos com leve resistência. Nenhum alongamento prolongado.

c) 20.000 - 30.000/mm³: deambulação assistida, exercícios ativos e leves, mobilidade funcional.
d) 30.000 a 50.000/mm³: atividade física moderada, exercícios resistidos (até 1kg) e deambulação.

e) Acima de 50.000/mm³: programa de exercícios resistidos e até treino aeróbico.

f) vibração torácica isolada com plaquetas acima de 30.000/mm3, e as manobras torácicas (higiene brônquica e reexpansão pulmonar) e a técnica de aspiração podem ser realizadas com contagens acima de 50.000/mm³.

Estudos recentes e de acordo com a Associação Médica Brasileira (AMB), a prática de exercícios físicos supervisionados pelo fisioterapeuta, conforme as recomendações já citadas, pode ser seguras em pacientes com câncer e/ou plaquetopenia grave, plaquetas > a 10.000/mm³ com reposição (transfusão de plaquetas). Nessa linha, trabalhos apontam para potenciais benefícios da terapia por exercício, como os advindos da fisioterapia e da prática de exercícios físicos, na recuperação de pacientes com câncer. O exercício promove alterações físicas, humorais e funcionais e é de grande valia, associado as demais terapias.

      A fisioterapia tem sido indicada em várias fases do tratamento com câncer, objetivando melhora e manutenção das funções motora e respiratória. Em 2004, Marchese e cols. observaram aumento na amplitude de movimento das articulações indispensáveis à marcha, assim como da mobilidade e dos movimentos, por meio da reabilitação neuromotora realizada por profissionais de um serviço de home care. Alguns autores também discutem a melhora do quadro respiratório desses pacientes, quando submetidos a técnicas de desobstrução brônquica e relatam, ainda, diminuição do quadro de dor, para pacientes em cuidados paliativos, incentivadores de fluxo, apoio abdominal, ginga torácica e aspiração endotraqueal também podem ser condutas fisioterapêuticas adotadas.

O objetivo da reabilitação para os pacientes com câncer é melhorar sua qualidade de vida para a produtividade máxima com dependência mínima, não obstante a expectativa de vida. O processo da reabilitação para pacientes com câncer pode ser definido em quatro estágios e o paciente pode mover-se entre alguns ou todos estes estágios.

      Vários autores referem-se, considerando cerca de 20.000 mm3 o valor mínimo de plaquetas para que o paciente realize exercícios de forma segura. Vale lembrar que apesar da literatura nos trazer um valor mínimo de referência de plaquetas para a realização do exercício físico, devemos considerar também outros valores importantes como por exemplo, o da hemoglobina - proteína que transporta oxigênio aos tecidos. Não devemos esquecer, também, da importância de uma avaliação bem realizada da condição clínica do paciente como um todo, respeitando sempre a especificidade de cada caso e sendo assim possível realizar exercícios de forma confortável, eficiente e, principalmente, segura para o paciente e para o fisioterapeuta.
  



Referências Bibliográficas

BONASSA, Edva; GATO, Maria Inês. Terapêutica oncológica para enfermeiros e farmacêuticos – 4.ed. – São Paulo: Editora Atheneu, 2012.
ALMEIDA EMP, Andrade RG, et al. Projeto Diretrizes. Exercícios Em Pacientes Oncológicos. Reabilitação. Associação Brasileira de Medicina Física e Reabilitação Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia, 2012.
ALMEIDA, Elisangela; CECATTO, Rebeca;  et al Exercício em pacientes oncológicos: reabilitação - Junho 2011.
FRANCA, Eduardo; FERRARI, Francimar; FERNANDES, Patriciaet al.Fisioterapia em pacientes críticos adultos: recomendações do Departamento de Fisioterapia da Associação de Medicina Intensiva Brasileira - São Paulo (SP) RevBras Terapia Intensiva,2012.
ZALAF,Lívia. Podemos fazer Fisioterapia em pacientes Plaquetopênicos?  Disponível em . Acesso em: 12 maio 2017.

Plaquetopenia. Equipe Oncoguia.Disponível em . Acesso em: 10 maio 2017.

VARGAS, Suelen. Paciente plaquetopênico. E agora fisioterapeuta? Disponível em . Acesso em: 10 maio 2017.

terça-feira, 9 de maio de 2017

EMERGÊNCIAS ONCOLÓGICAS

EMERGÊNCIAS ONCOLÓGICAS


Mariana Conceição Cruz Pará
Coordenador: Daniel Xavier

A emergência oncológica (EO) pode ser definida como uma "condição aguda causada pelo câncer ou seu tratamento, que necessita de intervenção rápida para evitar a morte ou lesão permanente grave".

 Os pacientes oncológicos que se apresentam com emergências devem ser abordados de maneira semelhante aquela dos pacientes sem câncer. A primeira avaliação deve ser rápida e deve incluir a queixa principal ou sintoma mais evidente, uma história bem dirigida, sinais vitais básicos e exame físico geral realizado com presteza. Uma avaliação criteriosa é essencial para a maioria dos pacientes oncológicos com emergências. Dependendo do quadro clínico, o evento agudo pode ser devido ao próprio tumor, ao tratamento oncológico ou pode estar relacionado com uma condição nova ou pré-existente não relacionada com o tumor.

Segundo Cervantes e Chirivella, as EO podem ser divididas em três grupos: emergências estruturais ou obstrutivas, emergências metabólicas ou hormonais e emergências secundárias ao tratamento oncológico.

O paciente que está fazendo tratamento oncológico pode vir apresentar :

Insuficiência Respiratória Aguda;
Tromboembolismo pulmonar;
Pericardite;
Síndrome da Veia Cava Superior (SVCS);
Hemoptise;
Obstrução Intestinal;
Síndrome da secreção Inadequada do Hormônio Anti-diurético – SAIHD;
Síndrome de Compressão Medular – SCM;
Hipertensão Intracraniana;
Insuficiência Adrenal;
Hipercalcemia;
Trombocitopenia;
Neutropenia Febril.

Neutropenia Febril

É definida como um episódio de temperatura superior a 38,3º C ou temperatura de 38º C com duração superior a 1 hora, associado a contagem de neutrófilos inferior a 500/mm3 ou a 1000/mm3 com declínio previsto para 500/mm3 ou menos. Pacientes com neutrófilos inferiores a 500/mm3 que apresentam sinais clínicos de infecção (prostração, hipotensão arterial, perfusão capilar reduzida) devem receber tratamento imediatamente, assim como pacientes cuja contagem de granulócitos esteja em rápido decréscimo. Todos os pacientes devem se submeter a coleta da história clínica e a exame físico detalhados; devem ser colhidas pelo menos duas amostras de material para hemocultura, urocultura, análise bioquímica, RX de tórax (PA e perfil). Outros materiais para cultura deverão ser considerados apenas se existir suspeita diagnóstica (coprocultura, culturas de aspirado ou secreções de sítios suspeitos) Como parte da primeira abordagem deve-se estratificar o paciente conforme o seu risco para complicações (baixo risco ou alto risco).

Até meados da década de 80, as infecções bacterianas eram causadas predominantemente por bactérias Gram-negativos. A partir de então, a proporção dessas infecções começou a mudar progressivamente, tornando-se as bactérias Gram-positivas as responsáveis pela maior parte das infecções nos neutropênicos.

Atualmente é utilizado o escore de risco que foi criado pela Associação Multinacional de Apoio aos Cuidados do Câncer (MAASC) de 2000. Trata-se de um modelo de pontuação que credita pontos de acordo com a importância para cada variável considerada de boa evolução (Tabela 1). Pontua até um máximo de 26 pontos e identifica como paciente de baixo risco (menor que 10%) aqueles com 21 pontos ou mais e de alto risco paciente com menos 21 pontos. 17 Apesar da simplicidade, ampla utilização, boa sensibilidade e alto valor preditivo positivo, a grande crítica ao modelo MAASC é a pontuação dada aos pacientes com tumores sólidos (4 pontos). Assim, os pacientes com neoplasias hematológicas alcançam uma pontuação inicial, independentemente de quaisquer outras condições, de no máximo 22 pontos. Isso implica em alta taxa de hospitalização que nem sempre se faz necessária, resultando em altos custos ao sistema de saúde.

De acordo com as diretrizes da Sociedade Americana de Doenças Infecciosas (IDSA) 2002, os fatores identificados em estudos controlados que determinam baixo risco de complicações e indicam tratamento ambulatorial são: contagem absoluta de neutrófilos maior ou igual a 100 célulasD mm3 e monócitos maior ou igual a 100 célulasD mm3 ; radiografia de tórax sem alterações; função hepática e renal próximas do normal ou normal; duração da neutropenia menor que 7 dias; expectativa de resolução da neutropenia menor que 10 dias; ausência de infecção em cateter; evidência precoce de recuperação da medula óssea; neoplasia em remissão da malignidade; pico de temperatura menor que 39°C; sem alteração neurológica ou mental; bom estado geral; ausência de dor abdominal e ausência de sinais de gravidade geral.

A introdução tão antes quanto possível de antibioticoterapia é fundamental. O IDSA recomenda que o intervalo máximo entre a admissão do paciente e o início da antibioticoterapia empírica seja de trinta minutos. No caso de dúvidas quanto à presença de neutropenia ou febre, a administração imediata de terapia empírica com antibiótico é a conduta correta, e deve ser mantida até que os resultados de exames laboratoriais esclareçam o diagnóstico.

A abordagem terapêutica inicial do paciente depende da classificação de risco em baixo ou alto risco. Essa classificação é dinâmica podendo ser alterada após reavaliações que devem ser feitas com frequência. Nos pacientes de alto risco a antibioticoterapia será sempre intravenosa. Em pacientes considerados de baixo risco, a terapia inicial poderá ser com antibióticos por via oral, terapia sequencial intravenosa-oral ou terapêutica exclusivamente parenteral.

Quanto ao seguimento, deve ser considerado o número de dias sem febre, o valor de neutrófilos atingido e a identificação de possível foco infeccioso. Caso seja identificado o foco infeccioso, o regime antibiótico deve ser adequado para essa condição, de modo a ampliar a cobertura antimicrobiana para os patógenos do foco, sem obrigatoriamente alterar o antibiótico de base. O paciente que se mantém afebril por mais de dois dias e que está com a contagem de neutrófilos superior ou igual a 500/mm3 terá a terapêutica baseada no diagnóstico ou não do foco e no isolamento ou não do agente. Se o agente e o foco não foram identificados deve-se manter antibioticoterapia até completar cinco dias afebril. Apesar da administração de antibioticoterapia otimizada, os pacientes que se mantêm febris e gravemente neutropênicos por mais de cinco dias são candidatos à terapia antifúngica, pois até um terço destes têm infecção sistêmica por fungos (na maioria das vezes por espécies de Cândida ou Aspergillus).





REFERÊNCIAS

Cervantes A, Chirivella I. Oncological emergencies. Annals of Oncology 2004; 15 (supplement 4): iv299-iv306.
Hospital e Faculdades de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo: http://www.fcmsantacasasp.edu.br/images/Arquivos_medicos/2006/51_2/vlm51n2_5.pdf
http://docslide.com.br/documents/emergencias-oncologicas-559abd4838263.html
http://revistaonco.com.br/wp-content/uploads/2011/05/p26-35-emergencia_Onco.pdf

quinta-feira, 4 de maio de 2017

Entrevista/Live proferida por Daniel Xavier a BIOONCO São Paulo e a Liga Nacional da Fisiointensiva.

Entrevista/Live proferida por Daniel Xavier a BIOONCO São Paulo e a Liga Nacional da Fisiointensiva.

Nesse Live ao Vivo que aconteceu no facebook, recebemos o Dr Daniel Xavier para falar um pouco mais sobre o trabalho que realiza em Manaus, em Terapia Intensiva em Pacientes Oncológicos. Dr Xavier aproveitou para falar sobre os dispositivos de baixo custo (Emobil) e sobre o real papel do fisioterapeuta dentro da Unidade de Terapia Intensiva. Vale a pena ver de novo.


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